terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Relação entre a leitura de um disléxico e o tipo de letra


Sinopse

Estudos recentes demonstraram que o aumento do espaçamento entre letras tem um efeito positivo na capacidade de leitura dos disléxicos. Este estudo teve como objetivo investigar o efeito do espaçamento na legibilidade de diferentes fontes para crianças com e sem dislexia. Os resultados não suportam a hipótese de um melhor desempenho entre as crianças com dislexia ao ler o texto na fonte Dislexia do que em outras fontes. No entanto, revelaram que apenas o espaçamento desempenha um papel na melhoria do desempenho de leitura dos disléxicos porque não apresentam diferenças na utilização da fonte Dislexia e na fonte espandida Times New Roman. Além disso, o efeito negativo das fontes Times New Roman Italic e Curlz MT foi eliminado através do aumento dos espaçamentos entre as letras.


Mirela Duranovic, Smajlagic Senka & Branka Babic-Gavric (October 2018). Influence of increased letter spacing and font type on the reading ability of dyslexic children”. Annals of Dyslexia, Volume 68, Issue 3, pp. 218–228.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Dislexia: teoria, avaliação e intervenção

Quem se interessa por estas coisas deve ler. O preço não é acessível, mas vale a pena. Encontramos aqui um conjunto de pesquisas que nos ajudam a compreender o conceito e a intervenção.

domingo, 29 de julho de 2018

Dislexia Atencional


A dislexia é uma perturbação comum da leitura, mas poucos sabem que existem diferentes tipos de dislexia com sintomas diferentes.

Um estudo de 2010 da Universidade de Tel Aviv, Israel, revelou uma perturbação de leitura denominada “dislexia atencional”. Esta variedade de dislexia faz com que os indivíduos identifiquem as letras, mas estas saltam entre as palavras da página. Por exemplo: "kind wing" pode ser lido como “wind king".

Reconhecer que há diferentes tipos de dislexia ajuda na terapêutica de crianças que sofrem desta problemática. Isto difere da compreensão típica de dislexia quando as crianças substituem letras quando leem. Quando isto se deve a dislexia atencional, as substituições não surgem na identificação das letras, nem na conversão dos sons das palavras. O que acontece é que as letras de algumas palavras, na realidade, migram para outras palavras. O mais comum neste tipo de dislexia é a primeira letra de uma palavra poder tomar o lugar da primeira letra de outra palavra.

A dislexia atencional é, portanto, outro tipo de dislexia.
As letras de uma determinada palavra migram para outra que por sua vez integram outra.
Identificar este tipo de dislexia é vital para a terapêutica.

Embora à primeira vista esta problemática possa parecer menor, é vital que as especificidades de cada tipo de dislexia sejam identificadas. Reconhecer que há diferentes tipos de dislexia ajuda as crianças que sofrem desta problemática.

Acima de tudo, precisamos de saber quais são as especificidades dos problemas de leitura e escrita antes da intervenção.

Developmental attentional dyslexia, Naama Friedmann, Noa Kerbel, and Lilach Shvimer, Tel Aviv Universit

segunda-feira, 19 de março de 2018

Após a aprendizagem inicial da leitura e escrita...


A sua criança tem algum dos seguintes problemas?
(Does your child have any of the following problems?)

Detesta ler?
(Hate reading?)

Detesta soletrar?
(Hate spelling?)

Lê muito devagar?
(Read very slowly?)

Omite/salta palavras, espaços ou letras?
(Skips Words - Loses Place - Letters Jump?)

Tem dificuldades em analisar palavras?
(Have difficulty sounding out words?)

Tem problemas na fluência e na pronúncia?
(Have fluency and pronunciation problems?)

Tem dificuldades na compreensão?
(Have difficulty with comprehension?)

Cansa-se rapidamente?
(Fatigues quickly?)

Troca letras ou palavras?
(Reverses letters or words?)

Tem dificuldade nas palavras de alta frequência?
(Palavras que aparecem muitas vezes nos textos.)
(Have difficulty with sight words?)

Perde habilidades já aprendidas?
(Loses skills you thought they had already learned?)

Learning Success
Tradução para português de EMC


Então, não fique ansioso/a, fale com alguém que o/a possa aconselhar.

sexta-feira, 2 de março de 2018

Como pode ser a vida de um aluno disléxico?


UM DIA NA VIDA DE UM ALUNO COM DISLEXIA

Adaptado de “A day in the life of a teen with dyeslexia.”



Para os alunos com dislexia cada aula pode ser uma luta, na medida em que, quase todas as disciplinas dependem da leitura e ortografia. Dislexia pode, assim, levar, também, a problemas sociais, emocionais e comportamentais. Use este guia visual para saber como esta perturbação da aprendizagem específica afeta o quotidiano do seu filho.


Henrique é um aluno de 11 anos. Tem necessidades educativas especiais. A inteligência é uma das suas principais características, mas os problemas de leitura condicionam-lhe o dia-a-dia. Uma simples tarefa, fácil de executar para o comum dos mortais, pode transformar-se num verdadeiro quebra-cabeças para um aluno com dislexia.
Vejamos como é, afinal, um dia típico na vida de Henrique:

Problemas relacionados à dislexia: Baixa autoestima e abandono escolar
6h15

Acorda cedo com o despertador mas, logo desliga o alarme e não quer sair da cama. Depois de tantos comentários sobre o quão lenta e sofrida é a sua leitura, Henrique deixa-se levar pela pressão e prefere nem pensar na escola. Imaginar entrar numa sala de aula é suficiente para o destabilizar. Um dia, chegou a fingir uma dor de estômago para justificar a falta. Não tem dúvidas: os melhores dias são aqueles em que fica em casa, longe do stress que as aulas lhe provocam.

Problemas relacionados à dislexia: Compreensão de leitura e escrita à mão
8h30

Chegou o dia. Henrique não está preparado para a palestra de história.
Tentou terminar os trabalhos de casa, mas as dificuldades na leitura são tão evidentes que apenas conseguiu concluir alguns parágrafos. E, como demorou tanto tempo para ler e perceber cada frase, como sempre, teve dificuldade em entender o texto na sua globalidade.
Não se pode dizer o contrário: Para além de inteligente, Henrique, também, é esforçado! Quer ultrapassar os obstáculos que o impedem de ter sucesso escolar. Nas aulas costuma ouvir atentamente o professor e, ainda que de forma pouco organizada, tenta retirar notas/apontamentos da matéria mais importante, mas não chega. Henrique precisa de acompanhamento especializado para conseguir superar as suas dificuldades. E assim, o teste, quinta-feira, advinha-se um pesadelo.

Problemas relacionados à dislexia: Descodificação e memória de trabalho
10h30

Henrique gosta de matemática, exceto dos problemas. Levam-lhe uma eternidade a ler e compreender. Dificilmente consegue reter e sistematizar o que lê e, assim, como era de esperar, não os consegue resolver, por muito que tente. Geralmente, comete erros simples, por exemplo, como mudar dois números ou misturar a sequência de etapas. Ou seja, a resposta está, quase sempre errada, apesar de até ter adquirido e entendido os conceitos e ter um bom raciocínio lógico-matemático.

Problemas relacionados à dislexia: Reconhecer palavras à vista, construir vocabulário e consciência fonológica
12h30

É difícil para Henrique relaxar durante o almoço. Tem trabalhos de casa para fazer e precisa de ajuda. Sozinho não os consegue fazer. Por isso corre na escola, desenfreado, à procura de uma ajuda-extra dos professores. Aproxima-se o teste de vocabulário de francês e Henrique está preocupado. Por muito que olhe para os flashcards sobre a matéria, parece sempre que os olha pela primeira vez. Infelizmente, um problema, não exclusivo, da disciplina de francês – é transversal às outras. As palavras, simplesmente, não lhe "ficam" na memória!

Problemas relacionados à dislexia: Aprender uma língua estrangeira e evitar tarefas
13h30

A aula de francês é, sem dúvida, das mais difíceis! Se Henrique já tem imensos problemas para ler e escrever em português, mais difícil se torna a tarefa de o fazer num outro idioma/língua, com diferentes sons e regras de ortografia.
O método de ensino do professor deixa Henrique desconfortável e ainda mais inseguro: todos os alunos são incentivados a lerem em voz alta na sala de aula, um de cada vez. E quando Henrique sente que está prestes a ser chamado, inventa uma desculpa qualquer para se ausentar da aula. A maneira mais fácil é dizer que precisa de ir à casa de banho mas já não resulta, a desculpa está gasta. Henrique sempre preferiu refugiar-se num local qualquer, em vez de mostrar fragilidades diante da turma e, eventualmente, dizer algo impróprio ao professor e ter uma falta disciplinar.

Problemas relacionados à dislexia: Ansiedade e dificuldade para ler música
14h30

O coro é a única coisa que Henrique gosta da escola. A leitura da música é difícil, mas, ao contrário das outras disciplinas, pode sempre aprender ouvindo-as. E é fantástico quando as pessoas elogiam a voz bonita que tem. Henrique preocupa-se que, se tiver de faltar ao coro por causa de uma outra aula qualquer, possa não ter agenda para a substituir. Dá imensa importância à participação no coro.

Problemas relacionados à dislexia: Descodificação, ortografia e interação
16h30

As mensagens de texto são stressantes para Henrique. Demorou muito tempo para descobrir as abreviaturas usadas pelos amigos para simplificar determinadas palavras. As dificuldades que sente ao nível da leitura e da ortografia tornam difícil, quase impossível, fazer parte das conversas de grupo.

Problemas relacionados à dislexia: Escrita, ortografia, revisão
20h15

Os pais de Henrique continuam a pressioná-lo para terminar o estudo. A capacidade de soletração de Henrique é bastante pobre e, por vezes, a família, amigos e colegas não percebem a mensagem que pretende transmitir! A correção, também se torna difícil. Henrique não tem consciência dos erros que comete. Por isso, depende sempre da supervisão dos pais em casa. Às vezes, dizem que se trata de preguiça, mas não é. Henrique demora muito mais tempo a fazer um trabalho de casa do que um estudante sem dislexia.

Problemas relacionados à dislexia: Stress generalizado
22h15

Já é tarde e Henrique está cansado. Antes de dormir precisa de relaxar. Jogar na playstation é o passatempo favorito. Assim que entra no mundo virtual, Henrique torna-se igual a outra criança qualquer: esquece-se da dislexia e de todos os problemas que lhe estão associados. Hora de dormir. Amanhã outro longo dia pela frente.

Sobre a Dislexia

A dislexia é uma perturbação da aprendizagem específica com défice na leitura, normalmente associada a alterações neurodesenvolvimentais. Não significa falta de inteligência, nem dificuldades de visão. É uma disfunção neurológica que torna difícil aprender a ler com precisão e fluência. A questão central envolve a compreensão de como os sons nas palavras são representados por letras. É comum para um aluno com dislexia apresentar dificuldades na compreensão da leitura, erros ortográficos, dificuldades na estrutura frásica e na organização de ideias.
As crianças não superam a dislexia, aprendem mecanismos para lidar com ela.
As suas dificuldades com a leitura podem afetá-las socialmente, emocionalmente e verbalmente. É comum que evitem ler em voz alta e não saibam responder à pergunta do professor.
Pais e professores, não raras vezes, interpretam mal os sinais da dislexia. Confundem-nos, por exemplo, com preguiça. Por vezes, parece que os alunos não se esforçam o suficiente para obter melhores resultados escolares. Há, no entanto, fórmulas/estratégias de sucesso para fazer face à dislexia: abordagens de ensino adequadas; intervenções terapêuticas específicas, regulares, com técnicos especializados com o objetivo de reeducar as áreas subdesenvolvidas e com necessidade de desenvolvimento.
O programa de reeducação da dislexia permite superar os desafios de leitura e prosperar ao nível do aproveitamento escolar e da própria vida pessoal.

Como ajudar?

- Fale com a escola do seu filho sobre os métodos de ensino-aprendizagem  estruturados e multissensoriais utilizados no ensino da leitura e da escrita. Esta abordagem de ensino é projetada/concebida para envolver as crianças através da visão, audição, movimento e toque.
O uso dessas diferentes áreas pode ajudá-los a associar sons a letras e, assim, aprender a descodificar palavras escritas.

- Explore alguns exercícios que ajudem os alunos a aprender e mostrar o que sabem. Por exemplo, ter um bloco de notas, fazer um relatório oral ou um projeto de vídeo, em vez de uma tarefa escrita. Solicitar a leitura na sala de aula em voz alta não é boa solução.

- As ferramentas tecnológicas podem ajudar os alunos com dislexia através do estímulo para a descoberta de novas palavras e ideias. Livros de áudio, aplicativos de texto para fala e livros didáticos digitais podem ajudar o seu filho a ouvir e entender melhor o que se pretende.

-Procure o Techfinder da Understanding. Estas aplicações, já analisadas por especialistas, podem ajudar a superar alguns problemas de leitura.

- Estimule o interesse do seu filho para a leitura. Livros de banda desenhada, desporto, moda e culinária são sempre boas formas para despertar vontade de ler. Procure livros sobre grandes temas atuais próprios para a idade do seu filho, desde que escritos de forma simples e facilmente entendível.

- Enfatize os pontos fortes de seu filho. Use desportos, passatempos e outras atividades para ajudar o seu filho a ficar motivado na escola. Outra maneira de ajudar a aumentar a autoestima é partilhar histórias de sucesso sobre pessoas com dislexia.

- Pratique a autodefesa. Os alunos mais resolvidos com o seu problema de dislexia, costumam dar o primeiro passo e falar sobre as dificuldades que sentem ao nível da leitura. Não é fácil, mas é importante que saibam procurar ajuda sempre que dela precisem.