São vários os autores, alguns encontram-se sugeridos na bibliografia deste site, que defendem que não se deve fazer um diagnóstico definitivo de dislexia antes de a criança ter tido um a dois anos de aprendizagem escolar, uma vez que, nas idades anteriores, erros similares aos encontrados em crianças disléxicas são frequentes. Contudo, os pais, professores e técnicos especializados nesta área não devem desvalorizar os sinais, pois, apesar do diagnóstico ter de esperar, a intervenção deverá ser iniciada o mais precocemente possível.
A característica fundamental do desenvolvimento do cérebro é que as experiências ambientais são tão importantes como os programas genéticos (Blakemore & Frith, 2009)
quarta-feira, 3 de julho de 2013
domingo, 23 de junho de 2013
Dislexia vs. Perceção visual
Dislexia vs. Perceção visual
Um novo estudo de imagens do cérebro parece descartar uma causa potencial de dislexia, apontando que os problemas de perceção visual não conduzem às dificuldades de leitura.
A nova pesquisa pode ter um amplo impacto na deteção e tratamento da dislexia, disse a autora principal do estudo Guinevere Eden, diretora do Centro de Estudos de Aprendizagem da Georgetown University Medical Center. O estudo foi publicado 06 de junho na revista Neuron.
"Este estudo tem importância do ponto de vista prático: propõe que não se deve incidir sobre o sistema visual para diagnosticar ou tratar a dislexia", segundo Eden.
"Até agora, ainda havia esta incerteza, com algumas pessoas a dizerem: 'Sei que é controverso, mesmo assim acredito que os problemas de perceção visual contribuem para os problemas de leitura destes miúdos”. Temos agora uma descoberta que realmente remete para a compreensão de que a função do sistema visual não deve ter um papel importante no diagnóstico ou tratamento da dislexia. " As pessoas com dislexia debatem-se para aprender a ler com fluência e precisão. A dislexia pode afetar mais de uma em cada 10 pessoas nos Estados Unidos e é a dificuldade de aprendizagem mais comum do país, de acordo com a informação complementar do estudo. Os estudos de imagens cerebrais anteriores descobriram que as pessoas com dislexia experienciam fraquezas subtis no processamento de estímulos visuais em comparação com as pessoas da mesma idade, levando alguns a perguntar se esta disfunção visual interfere com as capacidades de leitura de uma criança.
Mas o estudo constatou que os problemas visuais observados em pessoas com dislexia são provavelmente uma consequência do distúrbio de aprendizagem, em vez de ser a causa, segundo Eden.
Ao descartar o centro visual como o culpado, o novo estudo substancia a teoria, já popular, de que a dislexia ocorre devido a deficiências na parte do cérebro que lida com a linguagem, acrescenta Eden.
Os investigadores usaram a ressonância magnética funcional para comparar os cérebros de crianças disléxicas com os cérebros de crianças que não têm este distúrbio de aprendizagem. As crianças sem dislexia parecem ter o mesmo nível de atividade de processamento visual das crianças disléxicas, quando comparado por nível de leitura em vez de idade. Além disso, as crianças com dislexia que receberam acompanhamento específico de leitura experimentaram um aumento da atividade do sistema visual.
"Quando pedimos que as crianças aprendam a ler, estamos a pedir-lhes para fazerem algo muito difícil. Aprender a ler modifica o cérebro; se uma criança se debate com dificuldades na leitura, devido à dislexia, não terá tantas oportunidades de ler como outra da sua turma, logo o seu cérebro não tem a oportunidade de mudar tanto como o da primeira. O défice de perceção visual está lá, mas o estudo permitiu-nos concluir que existe como consequência e não como causa: a criança disléxica não teve as mesmas oportunidades de ler que a criança sem dislexia."
O novo estudo representa um passo fundamental para reduzir as potenciais causas da dislexia e ajuda a moldar a deteção e tratamento futuros, disse Laurie Cutting, professora de educação especial, psicologia e radiologia da Universidade de Vanderbilt em Nashville, Tennessee. "Problemas de visão ou envolvimento de processamento visual têm sido relacionados há muito tempo com a dislexia, o que também tem acontecido com os problemas que envolvem a linguagem. Este trabalho começa a conciliar porque existem esses dois tipos de resultados e fornece algumas pistas para o futuro da investigação dos mecanismos causais".
Cutting disse ainda que as investigações futuras devem concentrar-se em replicar estes resultados, e encontrar outra explicação para a interação entre os centros visuais e de linguagem do cérebro.
(…)
Dennis Thompson
HealdDay Reporter
June 2013
(Tradução livre)
Dennis Thompson
HealdDay Reporter
June 2013
(Tradução livre)
terça-feira, 23 de abril de 2013
A segunda oportunidade
A segunda oportunidade:
Quando os professores do ensino regulares e de educação especial nas escolas (principalmente no 1.º ciclo) perceberem que é fundamental dar uma segunda oportunidade às crianças para aprender a ler, quando a primeira não resultou, teremos menos jovem com dificuldades específicas de leitura. Esta segunda oportunidade deve ser dada mesmo antes de qualquer diagnóstico especializado.
Um trabalho sistemático, a partir de um programa específico será o caminho a seguir. Não faz milagres, mas os progressos ao fim de um ano são surpreendentes.
Quando os professores do ensino regulares e de educação especial nas escolas (principalmente no 1.º ciclo) perceberem que é fundamental dar uma segunda oportunidade às crianças para aprender a ler, quando a primeira não resultou, teremos menos jovem com dificuldades específicas de leitura. Esta segunda oportunidade deve ser dada mesmo antes de qualquer diagnóstico especializado.
Um trabalho sistemático, a partir de um programa específico será o caminho a seguir. Não faz milagres, mas os progressos ao fim de um ano são surpreendentes.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Precisão e fluência leitoras nas Metas de Aprendizagem
Se as metas de aprendizagem defendidas pelo Ministério da Educação e Ciência não tivessem outro mérito, pelo menos tinham a virtude de fazer os professores olharem para a leitura de uma forma mais cuidada, valorizando aspetos que até agora apenas tinham sido enaltecidos pela comunidade científica e alguns técnicos especializados. Estamos pois a referir a importância da precisão e fluência leitoras para a compreensão de textos ao longo do percurso escolar dos alunos (do 1.º ao 6.º ano). Arriscaríamos a dizer que aparece agora, pela primeira vez num documento oficial, o número de palavras que um aluno deve ler corretamente num minuto no final de um determinado ano letivo.
Veja-se pois o quadro seguinte com os dados retirados do documento, relativos às metas de aprendizagem dos 1.º e 2.º ciclos sobre esta matéria:
Ano (fim)
|
Idade
|
N.º de palavras corretamente lidas/m - lista
|
N.º de palavras corretamente lidas/m - texto
|
1.º
|
6/7
|
40
|
55
|
2.º
|
7/8
|
65
|
90
|
3.º
|
8/9
|
80
|
110
|
4.º
|
9/10
|
95
|
125
|
5.º
|
10/11
|
110
|
140
|
6.º
|
11/12
|
120
|
150
|
Fonte: Adaptado de MEC (2012). Metas de aprendizagem.
Conseguimos perceber, muito embora não venham referenciadas as fontes, que os autores se basearam em vários estudos (Shaywitz, 2003; Rasinski & Padak, 2005, entre outros) para estabelecerem o número de palavras corretamente lidas por minuto em texto. Já não são tão claras as fontes usadas para estabelecer o número de palavras corretamente lidas por minuto em listas (as estabelecidas parecem, no entanto, muito ambiciosas).
Parece-nos também que devia estar esclarecida a importância de um treino e de outro: o treino de leitura de listas de palavras (palavras descontextualizadas) ajuda a precisão e fluência de textos, mas pouco influencia a compreensão; o treino da precisão e fluência de palavras em textos (palavras contextualizadas) influenciam fortemente a compreensão (Jenkins et al, 2003). Não devemos contudo excluir nenhum destes exercícios de treino, pois eles complementam-se.
Referências
Jenkins, J.; Fuchs, L.; Van Den Broek, P.; Espin, C. & Deno, S. (2003). Sources of individual differences in reading comprehension and reading fluency. Journal of Education Psychology. 95 (pp. 719-729).
Rasinski, T. & Padak, N. (2005). 3-minute reading assessments: Word recognition, fluency & comprehension. New York: Scholastic.
Shaywitz, S. (2008). Vencer a dislexia: Como dar resposta às perturbações da leitura em qualquer fase da vida. Porto: Porto Editora. (Versão original de 2003)
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